Nenhum dos sindicatos que participaram da reunião ocorrida hoje pela manhã na OAB — Seccional Alagoas, aceitou fazer parte da comissão que irá acompanhar a auditoria interna na Assembléia Legislativa de Alagoas. Para muitas lideranças, a auditória nos termos propostos pela ALE não passa de subterfúgio para desviar o foco das investigações desencadeadas pela Polícia Federal.
"Somos contra essa auditória, porque todos os documentos já estão com a Polícia Federal. O que temos que fazer agora é cumprir a lei e cobrar a punição dos culpados", afirmou Cícero Loureço, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social (SINDPREV).
Punição, aliás, foi uma das palavras mais citadas pelas personalidades presentes, juntamente com termos como "mobilização" e "pressão popular"."A saída para tudo isso passa pela articulação da sociedade, inclusive em âmbito nacional", defendeu Lenilda Lima, vice-Presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em Alagoas.
Postura parecida foi defendida pelo procurador de Justiça Sérgio Jucá. "A população tem que se mobilizar contra esses ladrões dos cofres públicos. Não temos que participar de comissão nenhuma para acompanhar auditoria. Isso seria fazer pacto com o diabo". O diretor jurídico do Sindicato dos Servidores do Judiciário Federal em Alagoas (SINDJUS), Marcus Robson Filho, também é da mesma opinião. "Essa auditória é uma questão que nasce morta, porque não temos como auditorar nada com essa mesa diretora que aí está".
O dirigente sindical adiantou que já está pronto o requerimento ao Ministério Público Federal pedindo o afastamento da mesa diretora da ALE. "Dentro de alguns dias, uma comitiva irá fazer o protocolo do documento na Procuradoria Regional da República da 5ª Região, em Recife. O documento será assinado pelos sindicatos e demais entidades que compõem o Movimento Social Contra a Criminalidade emAlagoas (MSCC),criado semana passada para acompanhar as investigações da PF.
Engodo
Classificada como mais uma manobra do atual presidente da Assembléia Legislativa, Antônio Albuquerque, a proposta de auditoria só obteve o apoio do presidente da OAB, Omar Coelho. "Não cabe a gente fazer nenhum juízo de valor; cada um faz sua defesa, e à Justiça cabe julgar", disse, acrescentando que a ALE vem sendo "complacente" com as solicitações da Ordem e que os movimentos sociais deveriam aproveita a oportunidade para ter acesso a documentos que há muito tempo a sociedade anseia conhecer .
O discurso de Omar Coelho, entretanto, não convenceu. Jarede Viana, coordenadora estadual da Marcha Mundial das Mulheres, disse ver a proposta como uma armadilha "Não devemos partir para esse engodo proposto pelo presidente da Assembléia Legislativa". Nivaldo Miranda, presidente do Partido Popular Socialista (PPS) em Alagoas também se posicionou contra a auditoria. "A principal bandeira no momento é o afastamento da mesa diretora".
Todavia, para o sociólogo Cícero Albuquerque, a questão vai mais além e passa por mudanças no âmbito das investigações. "Temos que exigir a federalização do crime organizado, inclusive do crime de mando, que tem na Assembléia [Legislativa] um ponto de apoio". Por outro lado, Sérgio Papini, presidente da Associação Comercial de Maceió, defendeu a necessidade de as investigações irem além da Assembléia Legislativa. "É importante avançar em todos os poderes", salientou.
Para o empresário Luiz Marques, também presente na reunião, existe uma apatia em relação à punição dos envolvidos na Operação Taturana. "Tenho visto muita retórica e pouca ação. O que há é uma submissão, subserviência e medo, pois a lei que impera nesse Estado é a lei da intimidação". Afirmou ainda que atualmente a população não acredita na punição dos envolvidos. "A descrença do povo de Alagoas não tem precedente", arrematou.
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